Sua carreira já começou coroada. Esse primeiro registro, o CD Pecadinho, foi resultado da conquista do Prêmio Braskem de Cultura e Arte 2006, premiação de maior relevância no cenário independente da música baiana, que incentiva a cultura através do patrocínio de obras inéditas. Embora perceptíveis as influências do jazz e do pop, o CD se guia mesmo pelos gêneros brasileiros passeando pelo samba, frevos e batuques baianos, sem esquecer dos recursos eletrônicos sempre muito bem colocados.
A parceria com o músico Luciano Salvador Bahia deu o tempero necessário para um trabalho autoral e criativo. Depois de abrir o CD com Frevo (Pecadinho), de Tom Zé e Tuzé de Abreu, seus conterrâneos, Marcia logo apresenta canção inédita de Zeca Baleiro, Nega Neguinha, que parece ter sido feita sob encomenda para a cantora, com uma interpretação, acima de tudo, charmosa, sempre bem ancorada por excelentes bases rítmicas. O repertório, que inicialmente seria escolhido na busca de compositores baianos, logo se tornou mais abrangente incluindo nomes como Jorge Mautner, Sérgio Sampaio e Itamar Assumpção.
Mesmo assim, a cantora não se apoio em “sucessos” desses autores e foi buscar a coerência necessária para um trabalho bem conceituado. O CD brinca com a idealização romântica e conduz o amor para o campo da sensualidade. É assim que no repertório aparecem canções como Tua Boca, de Itamar Assumpção, Rainha do Egito, de Jorge Mautner e Em Nome de Deus, de Sérgio Sampaio. Canções que convivem em plena harmonia dentro do trabalho, com as de seus conterrâneos Roque Ferreira, com Barulho, Manuela Rodrigues, com Barraqueira, Medo, de J. Velloso e Queda, de Luciano Salvador Bahia, entre outros.
As participações especiais no CD são um capítulo à parte. Na faixa Barulho, de Roque Ferreira, Zélia Duncan divide os vocais com Marcia em divisões pouco comuns, quase que como um diálogo. Depois em Medo, de J. Velloso, o músico e produtor Arto Lindsay entoa sua guitarra em tom minimalista, para acompanhar a idéia do arranjo. Por fim, Ramiro Musotto esbanja criatividade na programação eletrônica de Cá Tu, Cá Eu, de Jarbas Bittencourt, André Simões e Karina de Almeida.